Perdi meu pai quando tinha 5 anos. Há 47 anos atrás. Diziam todos que ele me tratava com muito carinho.
Não me lembro, evidentemente. Era um homem muito carinhoso e honesto.
Ele se foi levado pelo tétano.
Minha mãe foi também meu pai durante toda a sua vida até nos deixar aos 94
anos.
Hoje sou pai de três filhos:
Luana (24 anos), André (14 anos) e Morgana (10 anos).
Isto é um privilégio. Muitos
gostariam de ser pais e não podem. Outros não tiveram a oportunidade. Outros
não quiseram, simplesmente.
Ser pai não pode ser decodificado, transplantado ou colocado em fórmulas matemáticas ou ensinar em algum manual.
Ser pai não pode ser decodificado, transplantado ou colocado em fórmulas matemáticas ou ensinar em algum manual.
Ser pai simplesmente não tem como
ser ensinado em teoria. As coisas vão acontecendo e você vai aprendendo junto
com os filhos.
Luana, minha socialista
preferida, já está fazendo doutorado, já saiu de casa. André, meu anjo azul, já
se comunica com o mundo do seu jeito (de todos os filhos foi o que mais
avançou, porque teve menos oportunidade para isto, devido ao seu quadro
autista). Morgana, minha doce artista, vive discutindo teorias filosóficas gregas
aos 10 anos.
A felicidade é um conjunto de
coisas que temos ou não temos: paz, tranquilidade, sonhos, amigos, família,
trabalho, esperança, e tantas outras coisas. A felicidade nunca bateu à minha
porta. Quando nasci, ela já estava no sofá da sala me esperando para uma boa
conversa que dura até hoje.
Ter três filhos e, entre eles ter
um filho especial, o André, me motivou ainda mais a valorizar a vida. Me fez
crescer, me provocou uma metamorfose, me fez de crisálida à borboleta, de
borboleta à crisálida, de crisálida à borboleta centenas de vezes.
Ter filho é algo inenarrável. Ter
um filho especial, então, é de perder o fôlego. É uma aula de vida. Não é
fácil. Na vida nada é fácil.
Minha militância enquanto
tentativa de melhorar o mundo e não só o meu, me fez ver que a vida vale a
pena, sempre. Que dificuldades não são passageiras, são eternas. E temos de
transformá-las em experiências para a vida, para a transformação.
Nunca reclamei da vida. Só
agradeço. Não perco tempo com amarguras, ou com pessoas amargas. Não vale a
pena.
E os filhos não são nossos, são
do mundo, são de outro mundo. Na mesma hora que tudo é eterno, também é
efêmero, passageiro. Nada é nosso. Os filhos também não. Nós não somos nossos.
Somos de algo maior, do Universo. E não temos a menor ideia do que estamos
fazendo aqui, perdidos nesta imensidão silenciosa.
Enquanto os filhos e nós
estivermos aqui neste mundão, saibamos valorizá-los a cada minuto porque eles
estão aqui de passagem, como nós.
Não percamos o trem. Só temos um
único bilhete e com data marcada para desembarque.
Pedro Aparecido de Souza
09 de agosto de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário